Sabe que eu estive nostálgica esses dias relembrando a minha infância, uma das melhores época da minha vida até agora (obrigada mãe, obrigada pai!).
Porque pra mim muitas vezes brincar de adulto é difícil, e relembrar da minha infância me enche de felicidade e força, e isso me ajuda a continuar com a brincadeira de ser adulta...

Mmmmm, o brioche que a minha mãe fazia! Macio, fofinho, DELICIOSO... E pra completar ela recheava com frutas cristalizadas! Alguns poderiam dizer parecido ao panetone, mas não! Panetone é uma massa muito mais complexa e trabalhosa, não desmerecendo o brioche mas... Panetone é panetone, e brioche é brioche!
É difícil saber exatamente a origem do brioche, cada um tem uma teoria, e quase que me deixam louca quando me vi no meio de uma bagunça histórica que ia desde Alexandre Dumas (sim, o autor dos Três Mosqueteiros!), passando por Maria Antonieta, queijo brie, figos e Normandia!

Outros dizem que Dumas viajou total na maionese (me junto a esse grupo, sem ofensas Alê...), e que na verdade o brioche é originário da Normandia no séc. XV, e que palavra a brioche deriva do verbo "brier", uma forma arcaica do dialeto normando para "broyer", que significa moer. E que era amassado por um "brie", espécie de rolo de madeira.
Tenho um amigo que trabalha em uma biblioteca em Paris (Salut Tomás!), e pedi se ele podia confirmar a etimologia da palavra brioche, e segundo suas pesquisas essa versão foi 100% confirmada! Assim que Dumas 0 X Normandia 1.

E galera, os boatos que Maria Antonieta havia dito "se não tem pão, que comam brioche" para os camponeses franceses mortos de fome é mentira cabeluda! Quando Rousseau escreveu isso, Antonieta era ainda criança e morava na Áustria.
Fofocas a parte, o brioche na confeitaria francesa é considerado uma viennoiserie*, pode ter vários formatos e recheios segundo a região.
Também é classificado pela porcentagem de manteiga que possui a receita.
Também é classificado pela porcentagem de manteiga que possui a receita.

A receita que eu fiz é do livro da minha mãe , e pelas proporções é considerado brioche de pobre, mas não me interessa porque quando a minha mãe fazia ficava SENSACIONAL!
Decidi rechear o meu brioche com geleia de manga e maracujá para criar um contraste entre gordura e acidez. Além disso brioche com geleia é como romeu e julieta, simplesmente demais!
Bem, mãos na massa, vamos a receita!
50 gr farinha tipo 00
90 gr leite
15 gr fermento biológico fresco
Massa
200 gr farinha de trigo tipo 00
2 ovos
125 gr manteiga
2 gr sal
Geleia
90 gr maracujá
130 gr manga palmer
40 gr açúcar
Modo de preparo:

Massa: enquanto cresce a esponja, pese os ingredientes secos (menos o sal) e uma pequena parte da manteiga no bowl da batedeira (você pode optar por sovar a massa na mão, só é necessário paciência e muito muque). O restante da manteiga corte em cubinhos e mantenha refrigerada. Quebre os ovos em um outro bowl e bata levemente apenas para que a clara e a gema se misturem.
Sua esponja já dobrou de tamanho? Vamos lá, junte a esponja no bowl dos secos, adicione os ovos, e com o gancho comece a sovar. Uma das coisas mais importante quando se faz um brioche é ter paciência, para que se desenvolva o glúten é necessário tempo, e para que a massa absorva toda a manteiga também. Assim que de tempo às coisas, relaxe e aproveite o momento!
Sua esponja já dobrou de tamanho? Vamos lá, junte a esponja no bowl dos secos, adicione os ovos, e com o gancho comece a sovar. Uma das coisas mais importante quando se faz um brioche é ter paciência, para que se desenvolva o glúten é necessário tempo, e para que a massa absorva toda a manteiga também. Assim que de tempo às coisas, relaxe e aproveite o momento!
Você vai ver que pouco a pouco a massa vai se tornando lisa, brilhante e elástica. É hora de adicionar o manteiga e o sal. Pouco a pouco adicione os cubinhos de manteiga, e deixe que vá se incorporando à massa. A massa estará pronta quando ela se desgrude da parede da batedeira, e ao fazer o teste do véu ela não se rompa facilmente.
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Teste do véu |
Geleia: enquanto o brioche fermenta vamos fazer a geleia. Abra o maracujá e passe sua polpa por uma peneira para separar as sementes. Descasque a manga e corte em brunoise grande. Em uma panela misturamos todos os ingredientes e levamos ao fogo, mexendo de vez em quando, até que obtenha a consistência desejada. Geralmente em torno dos 103ºC. Retire do fogo, deixe esfriar e mantenha refrigerada.
Montagem: vamos lá, o brioche quando for para a terceira fermentação já tem que estar no formato que desejamos. Eu escolhi fazer o meu em formas de mini-panetone, o que eu descobri depois que esse formato é tipico de um brioche que se chama brioche musseline. Mas você pode fazer do formato que desejar, como o típico brioche à tête (aquele feito em formas caneladas que parecem com um mamilo, hihihi), ou em uma forma de pão tradicional, porcionando e boleando a massa igualmente em duas ou três partes e dispondo na forma.


*Viennoiserie: são preparações elaboradas com massas fermentadas ou folhadas, e que se adiciona outros ingredientes como ovos, açúcar, manteiga ou leite. Tem origem na tradição panadera de Viena.
Dicas:
-A escolha dos ingredientes é essencial. Optar por uma manteiga de boa qualidade, e a farinha de preferência a italiana tipo 00, já que possui uma maior concentração de proteína e faz toda diferença no desenvolvimento do glúten. Se não for possível, das marcas brasileiras a Anaconda é a mais indicada na minha opinião.
-É necessário desenvolver o glúten antes de adicionar a maior parte da manteiga.
-Para uma boa incorporação da manteiga, é necessário que a mesma esteja fria!
-Para uma boa incorporação da manteiga, é necessário que a mesma esteja fria!
-Sempre deixe para adicionar o sal quase no final porque ele pode atrapalhar um pouco o trabalho de crescimento do fermento. Excesso de sal mata o fermento.
-O brioche adora ser mimado! Assim que ao fazer essa receita, não tenha pressa!
-O brioche adora ser mimado! Assim que ao fazer essa receita, não tenha pressa!